quinta-feira, 14 de agosto de 2014

"O outro lado do luto é a resistência."


Fernanda Balau compartilhou a foto de Diario de Pernambuco.

Para a maioria das pessoas, INFELIZMENTE, qualquer um que "OUSE" questionar os fatos absurdos que moldam e manipulalam a nossa caótica sociedade, a nossa política sociopata, os nossos meios de comunicação alienantes..., já vai logo sendo chamado de louco que acredita em teoria da conspiração...

Assim como a vida, a política não tem um traçado lógico. Os fios que sustentam todas expectativas humanas são frágeis e traiçoeiros e, dentro dessa imprevisibilidade tão devastadora, o Brasil hoje está diante de uma nova realidade difícil de ser aceita e compreendida. A morte do ex-governador Eduardo Campos (PSB) é uma tragédia com um impacto político de tal magnitude que é preciso um tempo para que as ideias se reestabeleçam. Só a dor é imediata – essa dor que machuca os familiares, entristece os brasileiros, emudece os pernambucanos, e que estabelece um vácuo de liderança e uma interrogação sobre o futuro de aliados e adversários, às vésperas de uma eleição presidencial.

Visto como símbolo da renovação política no Brasil, Eduardo foi o único governador da geração de 2006 que não saiu de cena desde o primeiro dia do seu mandato e que movimentava a sucessão presidencial com a pregação da mudança. Essa era a tônica da campanha, dentro da tese que todas as eleições têm ondas que as definem. Agora, a partir do desaparecimento de Eduardo, a questão emocional vai se impor e Marina Silva tem a obrigação de ser a candidata do PSB à Presidência da República. Há, no entanto, de se dar uma trégua para que a ex-ministra tenha condições de aceitar essa fatalidade política, lembrando também que, por ser a candidata a vice-presidente ela não assume automaticamente a cabeça da chapa.

Em São Paulo, centro nervoso das discussões nacionais, lideranças políticas e do mundo financeiro e econômico já arriscavam prognósticos sobre a sucessão presidencial com a morte do ex-governador pernambucano. As maiores apostas convergiam para uma possível vitória da presidente Dilma Rousseff (PT), a qual num gesto de delicadeza e sensibilidade suspendeu as atividades de sua campanha por três dias. Em segundo lugar, manifestou-se uma expectativa a favor do candidato Aécio Neves (PSDB), tão fragilizado ao falar sobre o amigo morto. Por fim, uma torcida por Marina, que lembrou aos brasileiros que o desaparecimento do seu companheiro de chapa exige luto e resistência – sem dúvida, o melhor recado político em um dia de tanto pesar.

Neto de Miguel Arraes, Eduardo seguiu à risca os passos do avô e, por uma dessas coincidências inexplicáveis, morreu no mesmo dia do ex-governador. Eduardo era a face renovada de Arraes. Tinha um olhar direcionado para as periferias, para os pobres, para os necessitados e, à sua maneira, também sabia instigar os adversários. Construiu sua carreira sempre no PSB e se colocava como a alternativa para quebrar a polarização PT e PSDB.

Tão logo sua morte foi anunciada pelas emissoras de televisão esta colunista recebeu telefonemas de pessoas que, de uma maneira ou de outra, foram beneficiadas por ações do seu governo. Testemunhos dessa natureza podem redirecionar a sucessão estadual, beneficiando Paulo Câmara (PSB), candidato a governador pela Frente Popular, cujos índices de intenção de voto não são animadores. Em meio ao luto, esses foram temas analisados em voz baixa. Ontem, ninguém se sentiu à vontade para grandes previsões, embora todos estivessem conscientes de que uma nova realidade já está imposta e que poderá afetar também a trajetória do adversário Armando Monteiro Neto (PTB).

Até nós, jornalistas, trabalhamos quase em silêncio. Mas tínhamos que entrevistar, conter a emoção, registrar e escrever, assim como fariam nossos colegas de profissão Carlos Percol, Marcelo Lyra e Alexandre Severo, que estavam com o ex-governador Eduardo Henrique Accioly Campos. O outro lado do luto é a resistência.

Foto: Helder Tavares/DP/D. A. Press
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